Objetivo

Aprimorar nosso conhecimento nos estudos direcionados a Linguística II.

Alunos

Jorge, Ana Dalete e Samara, alunos do 2° Período de Letras (Hab.Inglês)

Público Alvo

Alunos e professores interessados nas atividades aqui desenvolvidas.
 

Análise da música: "Admirável Chip Novo" (Pitty) e a intertextualidade com o livro "Admirável Mundo Novo" (Aldous Huxley).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

PITTY. Admirável Chip Novo. http://letras.terra.com.br/pitty/67413/
A música “Admirável Chip Novo”, de autoria da cantora Pitty promove uma crítica a sociedade e as formas de governo em virtude das “obrigações” impostas à população, que muitas vezes se vê forçada a realizá-las, e que devido a isso, perde a sua individualidade. A música levanta questionamentos, como por exemplo: “Nós realmente temos direito de escolha? O voto é um direito, ou seria um dever? Nossa opinião é levada em consideração?”. Com suas críticas às formas de controle da sociedade, através de determinações sociais, governamentais e/ou ideológicas, a música apresenta intertextualidade, a começar pelo título, com o livro de Aldous Huxley, “Admirável Mundo Novo”, publicado em 1932.
Aldous, em sua obra, retrata um universo futurista controlado por um “Estado Global”. Nesse universo fictício não há espaço para questionamentos, incertezas ou depressão, uma vez que toda a população faz uso de uma espécie de droga denominada “soma” que os impedem de serem autônomos e terem características humanas como dúvida ou insegurança. Essa sociedade busca a felicidade completa de toda população, população essa que, segundo as ideologias, deve ser perfeita. Nesse mundo, a sociedade divide-se em castas, cada qual com sua função social, o que acaba por gerar discriminação entre castas diferentes. Ainda no universo ficcional de Huxley, existe uma série de regras que proíbem a população de ter filhos, amarem alguém, ou aderir a alguma religião.
Na música de Pitty, a cantora, personificada na figura de um robô faz uma crítica à sociedade atual. Tanto a música quanto o livro, falam sobre a manipulação humana, bem como o egocentrismo que a cada dia que passa torna-se mais presente nos meios sociais. O cantor, Zé Ramalho, anos antes, também utilizou do recurso da intertextualidade ao compor a música “Admirável Gado Novo”, só que dessa vez para tratar da questão agrária no Brasil.
 “Sim, senhor. Não, senhor.” O “robô” da música de Pitty repete essas expressões demonstrando ser um ser manipulado, dominado, sem direito à opinião, pré-programado somente para obedecer. E repete expressões como: “use, seja, ouça, diga”, e muitas outras convenções sociais que persistem em dizer o que indivíduo deve, ou não, fazer. No livro de Aldous, a sociedade é composta de pessoas que, também pré-programadas, devem cumprir papéis específicos referentes à sua casta e conseqüentemente gostar dessa sua função, independente de qual seja, sem questionar o motivo ou desejar ocupar um cargo social diferente.
“Admirável Mundo Novo” ultrapassou as gerações e, pelo que podemos observar, muito do que foi descrito e tratado por muitos como mero utensílio ficcional, hoje se insere na nossa realidade, é o caso dos relacionamentos amorosos de curto prazo, da constante evolução do campo das tecnologias digitais e especialmente o desenvolvimento do campo da genética e clonagem humana, que até então, eram apenas elementos fictícios. Muito do que foi descrito por Aldous, no ano de 1932, se faz presente no século atual.
No romance, o personagem Bernard Marx, sente-se diferente dos demais membros de sua casta, questiona consigo mesmo qual a finalidade de viver em uma sociedade tão global, que apesar de tantos avanços, não assegura à civilização a liberdade e autonomia, uma vez que a população mais parece com robôs do que com humanos. No decorrer do livro, percebe-se que muitos personagens acabam por quebrar as regras impostas por essa sociedade. Bernard não consegue resistir às dúvidas e busca soluções para seus questionamentos, a personagem Lenina acaba por amar alguém no decorrer da história, e até mesmo o personagem que ocupa o cargo de Diretor do Centro de Condicionamento e Incubação descumpre as regras do sistema, entre outros personagens.
Na música de Pitty, o “robô” na qual a cantora se personifica, acredita ser um humano, mas, logo chega à conclusão de que todos estão predispostos a simplesmente obedecer, e que embora creiamos que estamos libertos dessas imposições, novas imposições se repetiram mais tarde, como por exemplo, na passagem: “(...) Eu sempre achei que era vivo, parafuso e fluido em lugar de articulação, até achava que aqui batia um coração. Nada é orgânico, é tudo programado, e eu achando que tinha me libertado, mas lá vêm eles novamente, eu sei o que vão fazer: reinstalar o sistema (...)”, que significa dizer que quando a sociedade acredita estar livre de algum preceito, o sistema acaba por substituir essa imposição por outra, ou seja, “reinstalar o sistema”, formando um ciclo.
A relação entre “Admirável Chip Novo” e “Admirável Mundo Novo” está muito além do título dessas obras, ela também se faz presente na temática abordada, ou seja, nas críticas a sociedade que se deixa manipular, que não exerce a sua autonomia e individualidade e no que resulta esse jogo de regras e convenções que julgam e qualificam o ser humano.

Fichamento de Resumo - Repensando a Textualidade

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

COSTA VAL, M da G. Repensando a textualidade. In: AZEREDO, J. C (org.) Língua portuguesa em Debate: conhecimento e ensino. Petrópolis: Vozes, 2000.

Como textualidade, entende-se o aglomerado de características que fazem com que um texto seja considerado como tal.
A Linguistica Textual teve seu desenvolvimento na Europa no final dos anos de 1960 e dedica-se em estudar a constituição do texto e seus fatores de produção e recepção. A LT até os dias atuais busca elucidar questões que vão além dos limites frasais, como o texto e o discurso, interessando-se menos em produtos e mais em processos, como enunciação, interlocução e suas condições de produção. Com o intuito de favorecer o campo da textualidade, sugere-se retomar esse conceito a fim de considerar as contribuições advindas da Análise do Discurso, Pragmática e Análise da Conversação, por exemplo. Para tanto, se faz necessário rever as tendências que marcaram a LT.
Para Maria-Elisabeth Conte, a LT passou por três perspectivas de estudo. A primeira da análise “transfrástica” focava as relações entre enunciados e seqüências, interessando-se por questões como correferência, emprego do artigo ou correlação entre tempos e modos verbais, hoje referentes á coesão.
A segunda perspectiva focaliza o texto como objeto cuja sua significação é um todo resultante de operações lógicas, semânticas e pragmáticas. O interesse volta-se para construção de “gramáticas do texto”, cuja função seria descrever e explicar a competência textual do falante, instituindo princípios de sua constituição bem como apontar critérios de sua delimitação e completude, determinando uma tipologia de textos.
Segundo Conte (1977), no terceiro momento intencionou-se a construção de “teorias de texto” que privilegiavam as questões pragmáticas, uma vez que a compreensão do sentido do texto não termina ou se resolve nele mesmo, mas sim na relação dele com o contexto no qual se situa. Para Schmidt (1973/1978) a textualidade engloba questões lingüísticas e sociais.
Beaugrande & Dressler classificam o texto como uma “ocorrência comunicativa” e buscam compreender o seu funcionamento na interação humana. Comprometidos com “o estudo do uso da linguagem como atividade humana crucial” postulam sete princípios constitutivos da textualidade.
Ø  Coesão: Como princípio que garante a conexão mútua entre elementos textuais.
Ø  Coerência: Como resultado dos processos cognitivos dos usuários do texto, ou seja, o sentido do texto que se constitui através do conhecimento empírico de seus usuários.
Ø  Intencionalidade: Pressupõe que todo enunciado parte de um locutor e busca um interlocutor, sempre com a intenção de comunicar algo, esteja isso claro ou implícito nas interações verbais.
Ø  Aceitabilidade: Sugere que os textos se transformam em gêneros textuais que são aceitos pelos usuários como discurso socialmente convencionados e adequados para cada situação.
Ø  Informatividade: Relaciona-se aos conteúdos informativos do texto. Sendo assim, todo texto é informativo, pois não há enunciado vazio de informação.
Ø  Situacionalidade: Tem a ver com o contexto, a circunstância sociocultural e a forma de como isso interfere na produção e recepção dos textos.
Ø  Intertextualidade: Constitui um conceito importante para a compreensão do processamento dos textos pelos falantes. Onde se encontram visões de mundo, opiniões e teorias vindas de outros discursos.
Assim, tais padrões de textualidade são entendidos pelos autores como princípios constitutivos da comunicação textual que funcionam juntamente com eficácia e adequação. Já que os sentidos dos textos são construídos na interação entre autor e interlocutor, devemos levar em consideração todos esses elementos como ferramentas que viabilizam a compreensão e sentido da produção textual.
Diante das concepções apresentadas, Charolles formula quatro meta-regras de coerência que enfatizam a manifestação do conhecimento linguístico-textual dos falantes como um meio de sinalizar e promover um desenvolvimento semântico constante.
·         A primeira meta-regra, chamada de repetição, considera que para um texto ser micro e macroestruturalmente coerente é necessário que em seu desenvolvimento haja elementos que possam retomar idéias anteriores.
·         A segunda meta-regra, da progressão, acredita que para que um texto seja totalmente coerente é necessário que durante seu desenvolvimento sua contribuição semântica seja apresentada de forma progressiva.
·         A terceira meta-regra, referente a não-contradição, pondera que no desenvolvimento do texto não deve ser introduzido nenhum elemento semântico que contrarie algum conteúdo posto anteriormente, pois cada parte do texto deve fazer sentido a uma parte anterior.
·         A quarta meta-regra, de relação, infere que para uma seqüência ou um texto sejam coerentes é necessário que os fatos descritos tenham relação com fatos reais.
Tanto Charolles (1978) quanto Beaugrande & Dressler (1981) apontaram a natureza sócio-interativa da textualidade, embora ainda seja comum encontrar concepções que têm como foco o produto em si, priorizando a análise formalista do texto. Tais posições ignoram o percurso Linguístico da década de 1970 até hoje e a contribuição de seus estudos para teorias como, por exemplo, da enunciação e análise do discurso. É necessário que o texto seja pensado como um todo, e não como um produto, para tanto é preciso que no âmbito educacional os fatores de textualidade sejam priorizados para que possamos construir produtores e receptores eficientes através da compreensão desses princípios.

Objetivo

Aprimorar nosso conhecimento nos estudos direcionados a Linguística II.

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Jorge, Ana Dalete e Samara, alunos do 2° Período de Letras (Hab.Inglês).

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